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Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota
Elementos | |
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Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota Avenida Nuno Álvares Pereira 120 Coordenadas GPS: N39.63956 | W8.84518 ou 39º38'21.49''N | 8º50'40.31''W |
Desde que em 2002 se iniciou o processo de recuperação e valorização do campo de São Jorge. A Fundação Batalha de Aljubarrota verificou que o elemento decisivo para o sucesso da salvaguarda deste património era a criação de um Centro de Interpretação, que apresentasse a Batalha de Aljubarrota ao público, de uma forma rigorosa, instrutiva e cativante. Foi assim possível, através do diálogo com os Ministérios da Cultura e da Defesa Nacional, transformar o antigo Museu Militar no Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (CIBA): um projecto inovador que, tirando partido das novas tecnologias, relança este conjunto patrimonial e a vivência que podemos ter dele.
Com o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota foi possívvel obter dois núcleos expositivos dedicados à Batalha de Aljubarrota, à época em que se inseriu e às descobertas arqueológicas no campo de batalha e um auditório para projecção de um espectáculo multimédia que reconstitui a Batalha e os eventos que a originaram.
O Centro de Interpretação foi também desenhado para permitir uma relação cada vez maior com a paisagem circundante, que se pretende progressivamente recuperada e tanto quanto possível próxima da existente em 1385. Deste modo, os visitantes têm a possibilidade de percorrer o campo da Batalha de Aljubarrota e de conhecer os factos mais importantes. Estes pontos incluem os locais onde se encontravam inicialmente o exército português e o exército franco-castelhano; o local onde se posicionou Nuno Álvares Pereira, D. João I, os arqueiros ingleses e a ala dos namorados; a posição dos trons (bombardas) utilizados pelo exército castelhano, da cavalaria castelhana, do Rei Don Juan I, etc. Inserido neste conjunto patrimonial requalificado, encontra-se ainda a Capela de São Jorge, mandada construir por Nuno Álvares Pereira em 1393.
Contexto histórico da Batalha de Aljubarrota
Com a morte do rei D. Fernando em 1383, o Tratado de Salvaterra de Magos, celebrado em abril desse ano entre a rainha D. Leonor Teles, o Conde João Andeiro e o Rei de Castela, estabelece que a Coroa de Portugal passaria a pertencer aos descendentes do Rei de Castela, D. Juan I, passando a capital do Reino para Toledo. O Reino de Castela iria inevitavelmente dominar Portugal.
Analisando a crise política de 1383 a 1385, é possível referir que na sua origem esteve, em primeiro lugar, o descontentamento popular existente, resultante não só da degradação das condições de vida da generalidade da população, mas também pela perspectiva do Reino de Portugal vir a perder a sua independência. Este desejo de alterações foi, então, facilitado pelo facto de D. Leonor Teles e os seus aliados defenderem uma solução política para Portugal, não só discutível legalmente, como claramente do desagrado da grande maioria da população portuguesa.
Em face desta circunstância, a população de Lisboa proclama D. João, Mestre de Avis, meio irmão de D. Fernando, como "regedor, governador e defensor do reino". Perante a revolta da população portuguesa em vários pontos e cidades do Reino, o Rei de Castela, em 1384, entra em Portugal. Entre fevereiro e outubro monta um cerco a Lisboa, por terra e por mar, com o apoio da frota castelhana. O cerco não resulta, não só pela determinação das forças portuguesas, mas também por Lisboa estar bem murada e defendida.
Afastados momentaneamente os combates com Castela, o partido do Mestre avançou, então, para a batalha política. Reúnem-se, assim, em março e abril de 1385 as Cortes de Coimbra, que proclamam o Mestre de Avis como Rei de Portugal. Perante esta situação em 8 de julho de 1385 D. Juan I, invade novamente Portugal, por Almeida, com um numeroso exército de 40.000 homens, seguindo depois por Trancoso, Celorico da Beira, Coimbra, Soure e Leiria. A esquadra castelhana havia entretanto cercado Lisboa por mar, desde abril desse ano. O exército português, comandado por Nuno Álvares Pereira, tinha-se colocado em posição de combate. A Batalha tinha-se tornado praticamente inevitável.
No dia 14 de agosto, logo pela manhã, o exército de D. João I ocupa uma posição fortíssima no terreno, escolhido na véspera por Nuno Álvares Pereira. No final da manhã chegam os castelhanos, que circulam pela estrada romana.
Evitam o choque com os portugueses, uma vez que isso implicaria a subida de um terreno em condições extremamente desfavoráveis. Preferem tornear a forte posição portuguesa pelo lado do mar, até estacionarem na ampla esplanada de Chão da Feira. O exército português constituído por aproximadamente 7.000 homens de armas, move-se então uns dois quilómetros para Sul e inverte a sua posição de batalha para ficar de frente para o inimigo.
Passava das 18 horas quando se deu o assalto castelhano à posição portuguesa. Uma vez iniciada a batalha, é então possível referir os cinco principais momentos do combate:
1º- a impetuosa vanguarda do rei de Castela (na sua maior parte constituída por tropas auxiliares francesas, como claramente assegura Froissart) inicia o ataque provavelmente a cavalo, sendo rechaçada nas obras de fortificação antecipadamente preparadas pela hoste de D. João I, obras essas que constituíram uma surpresa absoluta para os seus arrogantes adversários. Para prosseguir o combate, os franceses são obrigados a desmontar (aqueles que o conseguem fazer) na frente do inimigo e, por isso, em posição absolutamente crítica.
2º- ao saber do desbarato da sua linha da frente, D. Juan I decide mandar avançar o resto do exército então presente no Chão da Feira, maioritariamente também a cavalo. Ao aproximarem-se da posição portuguesa, apercebem-se de que - contrariamente ao que supunham - o combate está a ser travado a pé (ou tem de ser travado a pé, dadas as características do sistema de entrincheiramento defensivo gizado pela hoste portuguesa). Por isso, os cavaleiros castelhanos desmontam cedo e percorrem a pé o que lhes falta (escassas centenas de metros) até alcançarem os adversários. Ao mesmo tempo, cortam as suas compridas lanças, para melhor se movimentarem no corpo a corpo que se avizinha;
3º- entretanto, os homens de armas de D. Juan I vão sendo crivados de flechas e de virotões lançados respectivamente pelos arqueiros ingleses e pela “ala dos namorados” portuguesa, o que, juntamente com o progressivo estreitamento da frente de batalha (devido aos abatises, às covas de lobo e aos fossos) os entorpece, embaraça e torna "ficadiços" (de acordo com Fernão Lopes) e os aglutina de maneira informe na parte central do planalto; tais foram, porventura, os minutos mais decisivos da jornada;
4º - quanto às alas castelhanas, essas permanecem montadas, destinadas que estavam - como era tradicional na época - a ensaiar um envolvimento montado da posição portuguesa, coisa que, devido à estreiteza do planalto, apenas a ala direita (chefiada pelo Mestre de Alcântara ) terá conseguido, e mesmo assim numa fase já tardia da refrega;
5º- o pânico apodera-se do exército castelhano, quando dentro do quadrado português, a bandeira do monarca castelhano é derrubada. Os castelhanos precipitam-se então numa fuga desorganizada. Segue-se uma curta, mas devastadora perseguição portuguesa, interrompida pelo cair da noite. D. Juan de Castela põe-se em fuga, em cima de um cavalo, juntamente com algumas centenas de cavaleiros castelhanos. Percorre nessa noite perto de meia centena de quilómetros, até alcançar Santarém, exausto e desesperado. Até à manhã do dia seguinte, milhares de castelhanos em fuga são chacinados por populares nas imediações do campo de batalha e nas aldeias vizinhas.
O restante das forças franco-castelhanas saem de Portugal, parte passando por Santarém e depois por Badajóz e a outra parte, através da Beira, por onde tinham entrado.
No campo de batalha, as baixas portuguesas foram cerca de 1.000 mortos, enquanto no exército castelhano se situaram em aproximadamente 4.000 mortos e 5.000 prisioneiros. Fora do campo da batalha, terão sido mortos nos dias seguintes pela população portuguesa, cerca de 5.000 homens de armas, em fuga, do exército castelhano. Devido ao significado político da Batalha e aos seus numerosos nobres e homens de armas que aí morreram, Castela permaneceu em luto por um período de dois anos.
Para a Europa, a Batalha de Aljubarrota constituiu uma das batalhas mais importantes ocorridas em toda a época medieval.
Para Portugal, esta batalha, ocorrida no planalto de S. Jorge no dia 14 de agosto de 1385, constituiu um dos acontecimentos mais decisivos da sua História.
Sem ela, o pequeno reino português teria, muito provavelmente, sido absorvido para sempre pelo seu poderoso vizinho castelhano.
Sem o seu contributo, o orgulho que temos numa história largamente centenária, configurando o estado português como uma das mais vetustas e homogéneas criações políticas do espaço europeu, não seria hoje possível.
A vitória portuguesa em Aljubarrota permitiu também a preparação daquela que seria a época mais brilhante da história nacional - a época dos Descobrimentos - que, de outra forma, pura e simplesmente não teria ocorrido.
A Batalha de Aljubarrota proporcionou definitivamente a consolidação da identidade nacional, que até então se encontrava apenas em formação, e permitiu ás gerações futuras portuguesas a possibilidade de se afirmarem como nação livre e independente.
Fonte: CIBA
Avenida Nuno Álvares Pereira 120
2480-062 Porto de Mós
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De terça-feira a domingo, das 10h às 17h30.
Encerramento: Segunda-feira e nos feriados de 25 de dezembro, 1 de janeiro e 1 de maio.
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