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Real Factory Porto de Mós – Creative Hub
Antiga Casa dos Calados, agora denominada de Real Factory Porto de Mós – Creative Hub é um espaço que mantém as características originais e uma recuperação que respeita a história de um lugar especial. Renovado e adaptado aos novos tempos, o edifício pretende ser um foco de atração ao empreendedorismo e à criatividade.
Este é um local destinado à instalação de empresarial e empreendedorismo qualificado e criativo, que visa aliar a ciência e tecnologia aos setores mais tradicionais, assim como a projetos de investimento de natureza inovadora, apostando no desenvolvimento de novos produtos e serviços, privilegiando a economia digital.
São diversos aqui os espaços disponíveis para vários projetos, sendo que em um deles se pode visitar a exposição de cerâmica “Maneira do Juncal- Um Legado Inquebrável”, evoca esta herança histórica, ao ter lugar no espaço onde ainda ecoa a memória da Real Fábrica do Juncal (1770-1876) – como viria a ser conhecida.Maneira do Juncal
A Fábrica do Juncal foi fundada em 1770, por José Rodrigues da Silva e Sousa, natural dos Milagres (Leiria) mas descendente de juncalenses já que seu avô e seu pai, artistas que dirigiram a construção do Santuário dos Milagres daqui eram naturais.
Como foi já referido, esta indústria foi incentivada pela política do Marquês de Pombal que pretendia desenvolver a economia com o incentivo à produção nacional.
O Juncal, zona de argilas, por excelência, era assim um local privilegiado para a criação de uma indústria de cerâmica a que se juntavam as condições de escoamento dos produtos, já que se encontrava próximo da Estrada Real que ligava Lisboa ao Porto.
Localizada, segundo documentação da época , na Rua da Carreira da Vila, a fábrica funcionou, inicialmente, em barracões provisórios tendo-se desenvolvido progressivamente com a construção de novas instalações.
O fundador foi quem primeiro dirigiu a fábrica, pelo menos artisticamente. Ele próprio pintou algumas peças de faiança havendo, ainda hoje, alguns exemplares por si assinados. Da sua autoria são também os azulejos que decoram as igrejas do Juncal e dos Milagres, estes, aliás, datados e assinados.
No único livro de matrícula que se conhece e onde o primeiro registo dos empregados datado de 1778, destaca-se José Luís Fernandes da Fonseca, natural de Raxal do Bispo, em Coimbra, que terá trabalhado nas oficinas do ceramista Brioso e que veio para o Juncal para “...benefício da fábrica e fazê-la manobrar” .
Com este artista que viria a ser o administrador da Fábrica, foram introduzidas novas influências e novas técnicas na decoração. A maneira clássica e erudita viria a dar lugar à denominada “maneira do Juncal”, mais simples nas formas e na decoração.
Relativamente ao azulejo, ele seguia os modelos da época, apesar de revelar algumas particularidades. São ainda hoje dignos de destaque a maior parte dos azulejos, já referidos, que decoram as Igrejas do Juncal e dos Milagres.
A importância que a fábrica foi adquirindo levou o seu fundador, em 1782, a dirigir à rainha D. Maria I uma petição para usar as Armas Reais por cima da porta da fábrica, graça que lhe foi concedida em 28 de setembro de 1784. Dois anos depois, a rainha concedia a José Rodrigues o título de Monteiro - Mor de Vila de Rei, decerto pelo apreço que ele lhe merecia, graças à atividade de ceramista.
Durante as Invasões Francesas o país sofreu grande destruição sendo toda a região, largamente afetada e a fábrica também destruída, como se refere no documento a propósito das invasões francesas.
Em 1811, José Rodrigues voltava a reconstruir tudo de novo, fazendo sociedade com José Luís Fernandes da Fonseca, já administrador e casado com uma sobrinha do primeiro mas, só mais tarde, em 1823, era oficializada esta sociedade.
Em 1837, a Fábrica do Juncal, continuava a figurar nas estatísticas como a única fábrica de louça branca do distrito tendo, por morte de José Rodrigues, em 1824, passado para a posse do seu sócio José Luís Fernandes da Fonseca.
A Fábrica pertenceu ainda a mais duas gerações da família tendo sido administrada por Bernardino da Fonseca e depois por seu filho José Calado da Fonseca que viria a encerrá-la no ano de 1876 para se dedicar à agricultura já que possuía grande número de propriedades, nomeadamente com cultura de olival, vinha e cereais.
No entanto, a atividade cerâmica no Juncal e região perdura até aos nossos dias sendo o Juncal conhecido por esta atividade.
Quanto às peças da Real Fábrica que ainda existem elas são todas obras de museus ou de colecionadores sobretudo porque a sua decoração se distinguiu de todas as outras provenientes de fábricas da mesma época.
Arquivo Particular da Família Calado (=APFC), Documento avulso, Inventário dos bens que ficaram por morte de Perpétua Maria de S. José, primeira mulher de José Rodrigues da Silva e Sousa
10h00 – 12h30 | 14h00 – 18h00
Encerra à segunda-feira.
Visitas guiadas por marcação ao Sábado e Domingo: 11h00 e 15h00 com acompanhamento de técnicos especializados do Município de Porto de Mós, marcação por telefone ou presencial
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