- Exposição "Onde a Terra se Acaba"
Exposição 'Onde a Terra se Acaba'

No ano em que se assinalam os 500 anos do nascimento de Luís de Camões e os 35 anos do jornal Público , a exposição "Onde a Terra Se Acaba" propõe-se como um cruzamento de linguagens entre artes visuais e literatura contemporânea. Convocando o imaginário de Os Lusíadas como ponto de partida — epopeia de identidade, desassossego e viagem — a mostra reúne o artista plástico António Faria e o escritor Afonso Cruz, numa proposta inédita de diálogo artístico.
Partindo das suas contribuições para a edição especial do jornal Público, ambos os criadores prolongam aqui os seus gestos num território expositivo, onde o verso se torna imagem e a imagem se converte em narrativa. Através de pintura, instalação, texto, vídeo e registo editorial, a exposição investiga os sentidos contemporâneos da epopeia, revisitando figuras, mitos e geografias a partir da inquietação do presente. No centro da exposição estará a obra original de António Faria criada para ilustrar o Canto I da edição especial d'Os Lusíadas, publicada pelo Público. Esta obra, símbolo da travessia inaugural, abre o percurso da exposição e propõe-se como imagem-síntese de um novo gesto de leitura e reinvenção visual da epopeia camoniana.
Entre o Canto I e Porto de Mós
A exposição encontra a sua chave simbólica no Canto I, onde Camões invoca as Tágides para que lhe concedam “engenho e arte” para cantar os feitos da pátria. Este gesto inaugural, simultaneamente lírico e político, ressoa aqui através do trabalho de António Faria — o artista português que, na Galeria Escura da Central das Artes, invoca novas imagens para uma leitura crítica e sensível da história. A sua presença pode ser lida como um “chamamento contemporâneo”, onde Portugal é revisitado por dentro, com ironia e densidade poética, num tempo em que o passado ainda estrutura imaginários coletivos e disputas identitárias.
A ligação a Porto de Mós adquire especial relevância com a evocação do Canto VIII , estrofe 16, onde Camões recorda os feitos de D. Fuas Roupinho na defesa desta vila. Esta ponte entre história local e epopeia literária confere à exposição uma densidade territorial, resgatando o lugar enquanto espaço de resistência e memória.
De maio a setembro: 10h00 – 12h30h | 14h00 – 18h30
Horário especial Festas de São Pedro - 28 junho a 6 de julho: 10h00 - 22h30 (excepto dia 30 de junho que encerra às 19h00).
Entradas livres